Como se fez ricos no Brasil nos últimos 30 anos
Como se fez ricos no Brasil nos últimos 30 anos. Em 1987, o Brasil só tinha três na lista dos mais ricos tradicionalmente divulgada pela revista americana Forbes. Agora, o número de empresários que entrou nesta elite cresceu tanto que a publicação, desde 2012, elabora uma relação separada só para brasileiros. Em 2014, o país conta com 64 bilionários – número recorde.
Brasileiros começaram a aparecer da lista da Forbes em 1987. Naquele ano, apenas Roberto Marinho, Antônio Ermírio de Moraes e Sebastião Camargo figuravam na relação, todos com mais de 1 US$ bilhão.
Roberto Marinho era definido pela publicação, em 1987, como o mais influente empresário de televisão. De acordo com o texto, Marinho era considerado o homem mais poderoso do Brasil, “tendo desempenhado um papel dominante na comunicação”. Ainda de acordo com a definição da publicação, a rede de TV de Marinho “comanda 80% dos telespectadores do Brasil e é a quarta maior do mundo, sendo superada apenas pelo três grandes dos EUA.”
A Forbes lembra que o império Globo começou quando o pai de Marinho fundou o jornal carioca O Globo. Em 1944, Marinho passou para radiodifusão e, em 1965, 14 anos depois, a TV chegou ao Brasil e ele começou a construir seu poderio. Segundo a Forbes, a TV Globo começou como 4.000 mil dólares numa joint venture entre Marinho e a Time-Life. Contudo, na década de 1970 novas leis tornaram ilegal para uma empresa estrangeira possuir uma emissora de TV brasileira. Marinho foi obrigado a comprar de volta ações da Time-Life.
A publicação lembra ainda do golpe de 1964 e da relação da emissora com o poder. A Forbesconclui a definição de Roberto Marinho lembrando que a família diversificou as atividades com fazendas de gado, centros comerciais e uma das maiores coleções de arte na América do Sul.
Antonio Ermírio de Moraes é destacado pela Forbes como o brasileiro eleito oito vezes o Empresário do Ano, considerado pela mídia como um homem de “ética insuperável no negócio”, e ainda como uma figura austera e dedicada à empresa da família, a Votorantim.
A empresa foi fundada por seu avô em 1918, e era, em 1987, o maior grupo do setor no Brasil e maior empregador privado único. A Forbes ainda destaca que a empresa conseguiu manter-se sem dívidas, “apesar de hiperinflação brasileira.”
Por fim, a Forbes destaca a trajetória de Sebastião Camargo, filho de um humilde lavrador que se tornou um dos homens mais ricos do Brasil. Começou a trabalhar ainda jovem em uma empresa de construção e, aos 21 anos, formou o seu próprio negócio. A indústria foi impulsionada pela expansão do pós-Depressão da década de 1930 e, em 1940 e 1950, pelo nacionalismo, até que ele se tornou maior acionista da Camargo Correa, gigante do setor de construção no país, atuando na área civil, de mineração, engenharia e finanças.
Em 2014, Brasil tem 65 brasileiros bilionários entre os mais ricos do mundo
Em março deste ano, a Forbes divulgou a relação dos 65 brasileiros que entraram no seleto grupo dos bilionários. Somando todas as fortunas destes relacionados, chega-se à impressionante marca de US$ 191,5 bilhões, o que equivale a mais da metade das reservas brasileiras, que em janeiro estavam em US$ 375,4 bilhões. O total também praticamente se equivale ao PIB do Rio de Janeiro, que de acordo com dados divulgados pelo IBGE era de R$ 462 bilhões em 2011 (US$ 200,8 bilhões).
O número de brasileiros bilionários bateu recorde, de acordo com a Forbes. Na lista anterior, haviam 46. O Brasil quase dobrou sua participação no ranking anual em apenas dois anos – em 2012 eram 37 bilionários locais. Há uma década, o país tinha apenas seis.
O brasileiro mais rico é Jorge Paulo Lemann (foto), da Anheuser-Busch InBev, com US$ 19,7 bilhões. Ele é o único brasileiro a figurar entre os 50 mais ricos do mundo, na 34ª posição.
O segundo da lista é o banqueiro Joseph Safra, com US$ 16 bilhões. Em terceiro está Marcel Hermann Telles (sócio de Lemann), com US$ 10,2 bilhões.
As empresas dos três solitários brasileiros relacionados na lista de 1987 figuram na lista de 2014. As quarta, quinta e sexta colocações são ocupadas pela família Marinho: João Roberto (4º), José Roberto (5º) e Roberto Irineu (6º) têm, cada um, US$ 9,1 bilhões.
Três representantes da Camargo Corrêa estão na relação: Rossana Camargo de Arruda Botelho, Renata de Camargo Nascimento e Regina de Camargo Pires Oliveira Dias, todas com US$ 2,2 bilhões.
E ainda seis empresários do grupo Votorantim também estão na lista de 2014: o próprio Antonio Ermírio de Moraes, Ermírio Pereira de Moraes, Maria Helena Moraes Scripilliti, todos com US$ 3,1 bilhões; José Roberto Ermírio de Moraes, José Ermírio de Moraes Neto e Neide Helena de Moraes, todos com US$ 1,05 bilhão.
Confira a lista dos 65 brasileiros bilionários de 2014 (com a respectiva colocação no ranking mundial e com os valores em dólares):
34 – Jorge Paulo Lemann -19,7 bi – AB/Inbev
55 – Joseph Safra – 16 bi – Banco Safra
119 – Marcelo Hermann Telles – 10,2 bi – AB/Inbev
137 – João Roberto Marinho – 9,1 bi – Globo
137 – José Roberto Marinho – 9,1 bi – Globo
137 – Roberto Irineu Marinho – 9,1 bi – Globo
146 – Carlos Alberto Sicupira – 8,9 bi – AB/Inbev
367 – Francisco Ivens de Sa Dias Branco – 4,1 bi – M Dias Branco
367 – Eduardo Saverin – 4,1 bi – Facebook
396 – Walter Faria – 3,8 bi – Grupo Petrópolis
483 – Aloysio de Andrade Faria – 3,3 bi – Banco Alfa
520 – Andre Esteves – 3,1 bi – Banco BTG
520 – Antonio Ermírio de Moraes – 3,1 bi – Votorantim
520 – Ermírio Pereira de Moraes – 3,1 bi – Votorantim
520 – Maria Helena Moraes Scripilliti – 3,1 bi – Votorantim
580 – Fernando Roberto Moreira Salles – 2,9 bi – Itaú Unibanco, CBBM
580 – Joao Moreira Salles – 2,9 bi – Itaú Unibanco, CBBM
580 – Walther Moreira Salles Junior – 2,9 bi – Itaú Unibanco, CBBM
580 – Pedro Moreira Salles – 2,9 bi – Itaú Unibanco, CBBM
609 – Abilio dos Santos Diniz – 2,8 bi – Pão de Açúcar
642 – Miguel Krigsner – 2,7 bi – Grupo Boticário
663 – Edson de Godoy Bueno – 2,6 bi – Amil
796 – Rossana Camargo de Arruda Botelho – 2,2 bi – Camargo Corrêa
796 – Renata de Camargo Nascimento – 2,2 bi – Camargo Corrêa
796 – Regina de Camargo Pires Oliveira Dias – 2,2 bi – Camargo Corrêa
796 – Moise Safra – 2,2 bi – Banco Safra
828 – Antonio Luiz Seabra – 2,1 bi – Natura
925 – Nevaldo Rocha e família – 1,95 bi – Riachuelo
931 – Dulce Pugliese de Godoy Bueno – 1,9 bi – Amil
931 – Michael Klein – 1,9 bi – Via Varejo
931 – Rubens Ometto Silveira Mello – 1,9 bi – Cosan
931 – Lirio Parisotto – 1,9 bi – Videolar
1036 – Jayme Garfinkel e família – 1,75 bi – Porto Seguro
1092 – Julio Bozano – 1,6 bi – Grupo Bozano
1143 – Ana Maria Marcondes Penido Sant’Anna – 1,55 bi – CCR
1143 – Cesar Mata Pires – 1,55 bi – OAS
1154 – Sergio Lins Andrade e família – 1,5 bi – Andrade Gutierrez
1154 – Victor Gradin e família – 1,5 bi – Odebrecht
1154 – Alexandre Grendene Bartelle – 1,5 bi – Grendene
1210 – Lina Maria Aguiar – 1,4 bi – Bradesco
1210 – João Alves de Queiroz Filho – 1,4 bi – Hypermarcas
1284 – Eggon da Silva – 1,3 bi – WEG
1284 – Elie Horn – 1,3 bi – Cyrela
1284 – Carlos Francisco Ribeiro Jereissati e família -1,3 bi – Shopping Iguatemi
1284 – Jorge Moll Filho – 1,3 bi – Rede D’Or
1284 – Jose Isaac Peres e família – 1,3 bi – Shopping Multiplan
1284 – Werner Voigt – 1,3 bi – WEG
1284 – Lilian Werninghaus – 1,3 bi – WEG
1372 – Lia Maria Aguiar – 1,2 bi – Bradesco
1372 – Guilherme Leal – 1,2 bi – Natura
1372 – Rubens Menin Teixeira de Souza – 1,2 bi – MRV
1372 – Dorothea Steinbruch – 1,2 bi – CSN
1442 – Alfredo Egydio Arruda Villela Filho – 1,15 bi – Itaú
1442 – Daisy Igel – 1,15 bi – Grupo Ultra
1465 – Ana Lucia de Mattos Barretto Villela – 1,1 bi – Itaú
1465 – Edir Macedo e família – 1,1 bi – Igreja/ Mídia Record
1465 – José Mendes Nogueira e família – 1,1 bi – J Mendes
1540 – Giancarlo Franceso Civita – 1,05 bi – Abril
1540 – Victor Civita Neto – 1,05 bi – Abril
1540 – Roberta Anamaria Civita – 1,05 bi – Abril
1540 – Jose Roberto Ermírio de Moraes – 1,05 bi – Votorantim
1540 – José Ermírio de Moraes Neto – 1,05 bi – Votorantim
1540 – Liu Ming Chung – 1,05 bi – Nine Dragons
1540 – Neide Helena de Moraes – 1,05 bi – Votorantim
1565 – Carlos Martins – 1 bi – Grupo Multi
Fonte: Jornal do Brasil