Bebê fica 23 dias com mola presa na garganta no ES
O bebê Daniel Brandão Alves Martins, de 1 ano e dois meses, passou 23 dias com uma mola de pregador de roupa presa na garganta, segundo os pais. Com dificuldade para respirar e comer, o bebê chegou a perder mais de quatro quilos nesse período. Sem saber a causa do problema, os pais de Daniel, que moram em Guarapari, no Espírito Santo, levaram a criança várias vezes ao posto de saúde e receberam vários diagnósticos.
O bebê primeiro foi diagnosticado com suspeita de pneumonia. Somente neste domingo (9), a mola foi retirada, após uma endoscopia. Ele segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Infantil de Vila Velha.
A Secretaria de Saúde de Guarapari informou que o paciente foi atendido nos dias 11, 12, 13 e 18 de fevereiro e a queixa da mãe era de que a criança havia ingerido planta. Um médica pediatra solicitou raio X de tórax. Ele foi medicado e encaminhado para o Hospital de referência, Himaba. A Secretaria de Estado da Saúde disse que o Hospital Infantil vai apurar o caso. O estado clínico da criança é estável.
A mãe do bebê, Cristiane Simões Brandão, conta que no dia 13 de fevereiro viu quando Daniel colocou algo na boca, mas pensou que fosse um pedaço de babosa. Levou o bebê ao Posto de Saúde, em Guarapari, onde ele tirou uma radiografia, foi medicado e voltou para casa. “Deram um remédio para ele vomitar, porque a gente achava que era um pedaço de babosa que ele tinha engolido, e fomos embora. Mas ele começou a ter febre e dificuldade para comer. Voltei ao posto e disseram que era porque a garganta estava inflamada, deram remédio para dor e nos mandaram embora”, conta.
Como o filho não melhorava, os pais decidiram levá-lo ao Hospital Infantil de Vila Velha, no dia 18 de fevereiro. “Levei a radiografia, mas não sei se a médica olhou. Ele foi examinado e ficou internado, com suspeita de pneumonia. Teve alta no dia 20”, diz a mãe. Entretanto, o bebê continuava com dificuldade para respirar e comer. “Nem água descia. Ele chorava muito. Levamos ao posto várias vezes, mas tratavam como garganta inflamada”, afirma.
Na sexta-feira, dia 7 de março, voltaram ao Hospital infantil de Vila Velha e Daniel foi novamente internado, dessa vez com suspeita de crise asmática. “Como o bebê não melhorava, a médica de plantão solicitou uma radiografia e constatou que tinha uma mola de pregador de roupa na garganta do bebê. Ela solicitou uma endoscopia e deixou a criança em jejum a partir das 21h”, conta a mãe.
No sábado de manhã, dia 8, a médica de plantão solicitou uma tomografia antes de fazer a endoscopia e Daniel foi encaminhado para o Hospital Infantil de Vitória. “Só que lá o médico não quis fazer a tomografia, alegando riscos. Voltamos para Vila Velha. A médica disse que não faria nada sem a tomografia e nos mandou de volta para Vitória. Meu filho em jejum, chorando, com dor, e a gente de um lado para o outro, sem que ninguém resolvesse nada. Tive que assumir o risco e brigar para o médico fazer a tomografia. Até que ele fez e voltamos para o Infantil de Vila Velha, na expectativa que a médica retirasse a mola da garganta dele logo. Já era por volta de 21h. O cirurgião de plantão olhou a tomografia e constatou que não precisava de cirurgia, que daria para retirar com endoscopia, mas tivemos que esperar até o dia seguinte”, diz Cristiane.
A mãe conta que só no domingo (9), por volta das 10h, a endoscopia foi realizada e conseguiram retirar a mola da garganta do bebê. Ele foi encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin), onde segue internado. “Ele está sedado ainda, em observação. Os médicos disseram que o local onde a mola estava ficou bem machucado e há risco de lesões em alguns órgãos”, afirma.
G1.com