Sistema imunológico elimina constantemente células cancerígenas
Pesquisadores da Austrália descobriram que o sistema imunológico humano está mais preparado do que se pensava para evitar um tipo de câncer, o linfoma não-Hodgkin. O estudo mostrou que o organismo elimina diariamente células que crescem de forma desordenada e poderiam levar ao desenvolvimento de um tumor. O artigo que descreve as conclusões dos cientistas foi publicado neste domingo, no periódico Nature Medicine.
O linfoma não-Hodgkin, tipo de câncer que atingiu Dilma Rousseff e Reynaldo Gianecchini, manifesta-se quando células encarregadas de defender o organismo de infecções se desenvolvem de forma inadequada e se espalham pelo organismo. Em 2012, esse tipo de tumor apareceu pela primeira vez na lista dos tipos de câncer mais incidentes entre os brasileiros, elaborada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). A estimativa para 2014 é de que a doença seja responsável por 1,6% dos novos casos de câncer em homens e 1,8% em mulheres.
Os fatores de risco para o desenvolvimento desse tumor incluem sistema imune comprometido, exposição a certos agentes químicos e altas doses de radiação. Entre os sintomas comuns estão o aumento dos gânglios do pescoço, axilas ou virilha, sudorese noturna excessiva, febre e perda de peso sem explicação.
De acordo com o estudo, conduzido por pesquisadores do Instituto Walter e Eliza Hall, na Austrália, a capacidade do sistema imunológico de eliminar essas células que crescem desordenadamente explica o fato de o linfoma não-Hodgkin ser relativamente raro – o que eles consideram surpreendente, levando em consideração a frequência elevada com a qual os linfócitos B, células que produzem anticorpos, sofrem as mutações que podem causar a doença.
Prevenção – A equipe realizou a descoberta ao estudar as mudanças que ocorrem nos linfócitos B quando o câncer se desenvolve. “Como parte da pesquisa, nós tornamos os linfócitos T incapazes de atacar o sistema imunológico. Para a nossa surpresa, a doença se desenvolveu em semanas, quando normalmente levaria anos”, afirma Axel Kallies, integrante do grupo de pesquisadores. Os linfócitos T, células de defesa, são os responsáveis pela eliminação dos linfócitos B que sofrem mutações potencialmente cancerígenas.
Segundo os autores, esse estudo pode contribuir para a identificação precoce das células causadoras do câncer ainda em estágio inicial, permitindo que seja feita uma intervenção em pacientes com risco elevado de desenvolver a doença.