Michelle Bachelet vence segundo turno e voltará à Presidência do Chile
A socialista Michelle Bachelet foi eleita neste domingo a nova presidente do Chile.
A candidata de centro-esquerda da coalizão Nova Maioria (ex-Concertação) venceu o 2º turno no país com 62,16% dos votos, contra 37,83% da centro-direitista Evelyn Matthei.
Às 20h08 no Chile (21h08 em Brasília), 99,56% das urnas haviam sido apuradas.
Do total de 13,6 milhões de eleitores, 5,672 milhões foram às urnas. A alta abstenção de 53% marca a primeira eleição presidencial do país com o voto não-obrigatório. No 1º turno, 48% dos eleitores não foram votar.
A ex-ministra do Trabalho Evelyn Matthei reconheceu a derrota às 19h20, menos de uma hora e meia depois de a votação ter acabado. Ela chorou ao discursar. “O resultado é de minha exclusiva responsabilidade política”, afirmou no bunker montado por seu partido em um hotel de Santiago.
Matthei também felicitou Bachelet, para quem disse que telefonaria em seguida. E desejou à futura mandatária um bom governo. “Ninguém que ame realmente o Chile pode querer o contrário.”
Minutos depois foi a vez do presidente Sebastián Piñera, da mesma coalizão de Matthei, telefonar para Bachelet e lhe cumprimentar pela vitória.
A conversa telefônica entre o atual mandatário e sua sucessora foi transmitida ao vivo pela televisão, com câmeras instaladas no gabinete de Piñera e no escritório de Bachelet. “Os chilenos se expressaram com clareza. Quero lhe desejar o maior dos êxitos”, disse Piñera.
“Estou muito contente com o resultado e pela sólida vitória. Que não restem dúvidas que no próximo ano serei presidente de todos os chilenos”, respondeu Bachelet.
AGENDA SOCIAL
A campanha de Bachelet, que teve o slogan “Chile de Todos”, se concentrou em três propostas de reformas: tributária, educacional e constitucional.
Os protestos estudantis que tomaram as ruas do país em 2011 também levaram a socialista a prometer educação gratuita em seis anos, já que no Chile o ensino superior é 100% privado.
“O grande desafio de Bachelet no início de seu segundo governo será administrar as expectativas. Ela agora tem uma agenda transformadora ambiciosa e há muita demanda da população por mudanças”, diz à Folha Claudio Reyes, da Flacso (Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais).
A futura presidente do Chile terá maioria no Congresso, o que poderá lhe garantir a aprovação de projetos de lei das reformas propostas.
Antes de assumir a Presidência, em 2006, Bachelet foi ministra da Saúde e da Defesa. Foi presa e torturada durante a ditadura e se exilou na Austrália e na Alemanha Oriental. Até março deste ano comandou a ONU Mulheres, em Nova York.
Por: Folha de São Paulo