Casos de Aids já atingem 93% dos municípios de Alagoas, expõe Sesau
Dos 102 municípios de Alagoas, 93% deles, ou seja, 95 do total já registram ao menos um caso de contaminação pelo vírus da Aids. A informação é do último Boletim Epidemiológico DST/Aids, da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau), que alerta para a interiorização da epidemia e o crescimento de 117% no número de notificações, entre 2010 e 2011, chegando a registrar cerca de 50 novos casos por dia no estado.
Em Alagoas, estado que ocupa a quarta posição no Nordeste em detecção dos casos de HIV/Aids, até junho de 2011 foram feitas 3.615 notificações com o registro de 1.137 mortes provocadas pela doença. Maceió e Arapiraca são os municípios que apresentam maior detecção de casos de HIV/Aids; apesar da suspeita do alto número de pessoas em todo o estado que não sabem que possuem o vírus do HIV, pois nunca apresentaram sintomas que os levassem a fazer o teste. No entanto, o que vem sendo constatado nos últimos anos é uma interiorização da epidemia, que atinge adolescentes, adultos e até idosos.
“No passado apenas 10 municípios de Alagoas apresentavam casos de Aids; hoje, apenas 7 não notificam. O perfil das pessoas atingidas também mudou, além de um aumento na incidência da doença em crianças, adolescentes e idosos; há também uma mudança na proporção entre os sexos: o que antes era 10,5 homens para cada uma mulher; hoje é de 1,6 homens para cada mulher”, expõe a coordenadora do Programa DST/Aids da Sesau, Mona Lisa dos Santos Góes, ao evidenciar que a epidemia se caracteriza no estado pela interiorização, feminilização, pobrerização e heterossexualização.
“Não há mais essa questão de que a doença está restrita a grupos de risco. Ela está em todos os lugares e afeta de forma preocupante a população mais pobre, já que a vulnerabilidade social aliada a baixa escolarização vem contribuindo para o aumento dos casos”, acrescenta Mona Lisa ao destacar que o crescimento dos casos de Aids também se dá devido à acessibilidade dos exames de diagnósticos. “Hoje os testes rápidos, que fazem a constatação em 15 minutos, estão mais acessíveis. Feitos de forma sigilosa, o exame já está disponível em unidades de saúde de 35 municípios alagoanos”, completa.
Atualmente todo o tratamento da pessoa que vive com o HIV/Aids é feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em Maceió, o procedimento está concentrado no Hospital de Doenças Tropicais (HDT), no Pam Salgadinho e Hospital Universitário (HU). No interior, o tratamento é feito em Arapiraca. Nos demais municípios do estado o preconceito diante da doença impede a expansão do tratamento. Segundo Mona Lisa Góes Santos “o medo de ser identificado como HIV positivo e do preconceito”, faz com que muitos que vivem com Aids busquem tratamento fora do município de domicílio.
Maceió
A Coordenação do Programa de DST/Aids da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Maceió notificou em 2013, 432 casos de pessoas infectadas com o vírus HIV. Destes, 116 foram diagnosticados com Aids. “Uma pessoa diagnosticada com o vírus HIV faz tratamento e leva uma vida dentro dos padrões normais. A diferença daquele que nunca fez o teste é que possa ter o vírus, e não desenvolver a doença, mas transmitir o vírus pelos meios já conhecidos (agulhas compartilhas, transfusão de sangue e relação sexual)”, adverte a coordenadora do Programa, Sandra Gomes.
Nos últimos 27 anos, Maceió registrou 2.951 casos de Aids, dos quais 2.014 no sexo masculino e 937 no sexo feminino. A faixa etária mais acometida é de 20 a 34 anos de idade, o que pode indicar que a infecção pelo HIV ocorreu na fase adulta jovem ou na adolescência.
Das mais de 50 Unidades de Saúde da Família (USF) existentes na capital, trinta e duas já dispõe de recursos para fazer o teste rápido, capaz de diagnosticar em 15 minutos, através da amostra do sangue, se a pessoa tem o vírus da Aids, Hepatite B e Sífilis.
Fonte: G1