Autor de biografia rara de Caetano Veloso cometeu suicídio.
Enquanto Brasília discute a questão das biografias durante o seminário “Direito autoral em debate”, a Retratos traz à tona uma história pouco conhecida, envolvendo uma das figuras mais emblemáticas dessa polêmica: Caetano Veloso. Em 1993, foi lançada a primeira biografia sobre o cantor, escrita pelo jornalista pernambucano Héber Fonseca. “Caetano — Esse cara” contava a trajetória do baiano através de depoimentos dados por ele em jornais, rádio e televisão.
Caetano sabia que o livro estava sendo feito e não se posicionou contrário à publicação. Numa entrevista da época, publicada na revista “Internacional Magazine”, o cantor diz ter ficado agradecido com a biografia e que tinha achado interessante o trabalho, mas que alertava pela necessidade de correção em alguns pontos.
Os amigos de Héber lembram o episódio em que, depois de ler os originais, Caetano Veloso deixou clara sua insatisfação com o livro ao encontrar o autor no camarim do show “Circuladô”, em Recife, em 1992. “Héber ficou calado. O maior ídolo dele era o Caetano”, conta o crítico musical José Teles.
Um ano depois do lançamento do livro, que ganhou repercussão nacional, Héber Fonseca cometeu suicídio, deixando mulher e duas filhas. “Foi uma infeliz coincidência. É uma história que até hoje ninguém compreende”, diz Teles. Publicado pela editora Revan, “Esse cara” hoje só é encontrado em sebos.