O fantástico show do cantor popular Jurandir Bozo para alma e “Pros Pés”
Comparar Jurandir Bozo ao fenomenal Jackson do Pandeiro não é delírio, é pura realidade, apesar de épocas completamente diferentes. Jackson do Pandeiro nasceu na Alagoa Grande, estado da Paraíba, e recebeu a influência do coco-de-roda, autêntico folclore alagoano. E Jurandir Bozo nasceu em Alagoas, precisamente na cidade sertaneja ribeirinha de Pão de Açúcar, onde recebeu, também, a influência direta desta manifestação de raiz alagoana. É importante destacar que ambos tornaram-se notáveis compositores, improvisadores e emboladores de coco-do-sertão, como também é conhecido.
A dedicação e a competência deste artista pão-de-açucarense de fama estadual e, muito em breve, oxalá, de renome nacional, não o deixa atrás de personalidades do quilate de Jacinto Silva, Barra Mansa, Caetano da Ingazeira, Cachimbinho, Geraldo Mousinho, Zé Brown, Pena Branca, Paturi, Castanha e Caju. Digo isto sem nenhum receio porque o público de Maceió já o consagrou como um dos maiores artistas da cultura popular de Alagoas e por que não do nordeste do Brasil?!
De posse de um pandeiro, o Bozo das Alagoas costuma fazer verdadeiros prodígios musicais, inspirados em histórias reais e lendárias, figuras folclóricas, críticas sociais etc. que só enriquecem a diversificada cultura popular brasileira.
Destarte, podemos dizer que a paixão de Jurandir Bozo pelo coco-de-embolada com suas mais diversas nomenclatura, tem tudo a ver com suas raízes fincadas nas ancestralidades africana (atributo herdado dos avós paternos) e indígena da tribo Xocó (atributo do avô materno), pois o vocábulo “coco” significa “cabeça”, de onde vêm as músicas, de letras simples, com influência africana e indígena.
É por esta razão que o Bozo das Alagoas tem correndo nas suas veias a poesia popular adornando a embolada e o coco-de-embolada, ora improvisado, ora ensaiado exaustivamente, de modo que possa oferecer ao público amante desta arte promotora da fusão dos sons do pandeiro, ganzá, triângulo, surdo e rabeca com o repicar acelerado dos tamancos e a sonoridade das palmas.
E foi estudando as profundas raízes de povos, bem como seus ritmos, culturas, costumes, tradições, adorações e rituais, que Jurandir Bozo, na qualidade de sapiente pesquisador popular e produtor musical, conseguiu introduzir inovações no coco-de-roda alagoano, fazendo levantar poeira nordestina, transformando seus terapêuticos shows em um vigorante bálsamo pros pés.
Portanto, quem assistiu ao show de Jurandir Bozo, na noite de quarta-feira (13), no Espaço Híbrido Cultural teve a oportunidade de contemplar o talento e a musicalidade de um grupo de jovens artistas alagoanos, dentre esses, o fenomenal baterista Alex Brito que, assim como o inquestionável artista Jurandir Bozo, é filho das margens do rio São Francisco, tendo como berço a Terra de Jaciobá.
O show Pros Pés também contou com a participação de um convidado especial: o “Mestre Laércio de Bamba” que, como sempre acontece em suas apresentações de coco, arrancou aplausos do público – principalmente quando no êxtase do saudosismo pão-de-açucarense, ele cantou e enalteceu a desativada Chegança Comendador Peixoto, um patrimônio cultural de Pão de Açúcar, que em breve será resgatado pela gestão Compromisso e Responsabilidade com Participação de Todos.
Por tudo isto e muito mais, parabéns, Jurandir Bozo, pelo seu alegre, energizado, contagiante e magnífico show – um verdadeiro elixir dos deuses para alegrar a nossa alma!
Acabei de ler e fico muito emocionado e grato pelas palavras tão repleta de poesia.
Deus te abençoe e fica aqui o meu mais verdadeiro agradecimento.