Câmara dos Deputados estuda restringir uso de saias curtas e decotes dentro do Congresso

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Antes de embarcar esta semana em missão oficial para o Canadá, a deputada novata Cristiane Brasil (PTB-RJ) fez chegar ao primeiro-secretário da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP) sua insatisfação quanto ao modo com que as assessoras que circulam por corredores, salas e até o Plenário têm se vestido. Para a deputada, há excessos e abusos no tamanho das saias, decotes e no uso de roupas justas. Ela propõe um “dress code”, ou seja, uma espécie de código de conduta que balizaria as decisões das mulheres antes de sair de casa rumo ao trabalho.

A deputada também busca o apoio da bancada feminina, composta por 50 mulheres, que tem reunião marcada para a próxima quarta-feira (9) para discutir o assunto, que divide opiniões. A coordenadora da bancada, Dâmina Pereira (PMN-MG), despachou pedidos para que as colegas se manifestem sobre a elaboração de um código de conduta. Uma parte delas, porém, acha o movimento de Cristiane Brasil desnecessário embora possa vir a admitir algum tipo de regulamentação interna para satisfazer a colega.

O primeiro-secretário Beto Mansur disse que aguarda a manifestação das deputadas depois da reunião da bancada feminina agendada para discutir a polêmica. Ele disse que não se pode confundir liberdade com libertinagem e admitiu que um Ato da Mesa venha a ser publicado estipulando o que deve ser evitado pela assessoras. Ato da Mesa é um dispositivo regulatório interna corporis, ou seja, uma espécie de lei interna da Câmara mas que, nesse caso, não iria prever punições à infratora.

Na opinião de Mansur, o simples fato de se discutir o assunto e do caso ser noticiado na imprensa pode ter um efeito inibidor no comportamento feminino mais insinuante. Embora observe certos abusos, é nítido que o deputado, se pudesse, não faria nada para interferir no gosto pessoal das assessoras, como deixaram claro os colegas Mendonça Filho (DEM-PE) e Silvio Costa (PTB-PE). Os dois são da opinião de que não se deve cobrir a beleza das assessoras que, de certa forma, ajudam a aliviar o clima agitado e tenso do Parlamento.

 

O código de vestimenta discutido pela bancada feminina pode proibir ombros e barriga nus, decotes grandes e saias curtas. O objetivo não é obrigar ninguém a usar calças compridas mas coibir os excessos.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) avisou que não vai se intrometer no assunto. Ele prefere, nas próprias palavras, que cada mulher cuide de sua saia. Além disso, o presidente acredita que há assuntos mais relevantes a serem tratados e que discutir o tamanho dos decotes é uma futilidade.

A deputada Cristiane Brasil sugere que as assessoras usem o tradicional tailleur, um clássico do vestuário feminino composto de saia abaixo do joelho e blaser. A roupa é pouco usada na Câmara mas pode ser vista em assessoras técnicas de Plenário, funcionárias que auxiliam os parlamentares durante as votações, principalmente os líderes de bancada que precisam ser bem assessorados pois orientam os colegas de partido sobre como votar os projetos.

Embora geralmente mais discretas, as jornalistas que cobrem o Congresso Nacional também terão de se enquadrar ao ‘dress code’ da bancada feminina caso a ideia prospere. Algumas deputadas não gostam de calças do tipo legging, mais apropriadas para academias de ginástica pois dão liberdade de movimento. Este tipo de calça, argumentam, revela o formato dos quadris e das nádegas e não é adequado para o ambiente parlamentar.

Bastante vistas pelos corredores do Anexo 2 onde se concentram as comissões temáticas da Câmara, muitas assessoras evitam roupas decotadas e não é raro ver até saias abaixo da linha dos joelhos. A Câmara, aliás, tem uma regra para a vestimenta dos que participam das visitas guiadas, realizadas diariamente a cada meia-hora. Os homens não podem usar bermudas, camisetas cavadas e bonés. Já as mulheres não podem entrar de shorts mas a minissaia é tolerada.

Ao contrário das mulheres, o vestuário masculino segue normas rígidas. Durante as sessões, nenhum assessor, jornalista ou visitante pode circular sem paletó e gravata dentro das salas das comissões, do Plenário e no Salão Verde que o circunda. Já as assessoras atualmente têm liberdade para circular nestes locais com roupas consideradas sensuais e insinuantes. Liberdade que pode estar com os dias contados a depender da decisão que for tomada pela bancada feminina na semana que vem.

 

Fonte: R7

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