“Qualquer um pode ser terrorista” dizem especialistas sobre Estado Islâmico

cats1Os três ataques de radicais islâmicos que deixaram 63 mortos em três continentes, nesta sexta-feira (26), deixaram ainda mais expostas as dificuldades que os serviços de inteligência dos governos têm encontrado para se antecipar e evitar a ocorrência destes atos brutais.

Segundo especialistas entrevistados pelo R7, a mensagem do EI (Estado Islâmico) tem atingido adeptos do mundo inteiro, inclusive dentro dos próprios países onde ocorrem os atentados.

A professora Ligia Costa, do Instituto de Estudos Políticos de Paris, ressalta que a dificuldade principal está na cada vez maior individualização dos atentados, algo diferente, por exemplo, da estratégia da Al-Qaeda, que até alguns anos atrás, recrutava e planejava ataques por meio de uma rede organizada.

— Sem dúvida está cada vez mais difícil detectar estas ações. A individualização destes atos terroristas são um enorme problema para os governos. Houve uma mudança importante de uns tempos para cá. Os ataques são feitos até por duas, três pessoas. Qualquer um pode ser um terrorista.

Ela ressalta que esta situação teve como ponto de partida o atentado ocorrido na Maratona de Boston, quando dois irmãos chechenos construíram duas bombas, baseadas em panelas de pressão, que explodiram, matando três pessoas e ferindo outras 264.

A mensagem do EI, que defende de maneira brutal a obediência às regras do Corão, se encaixa a esse modelo de atentado e acaba sendo uma inspiração para atos terroristas isolados, segundo o professor de relações internacionais das Faculdades Rio Branco, Alexandre Uehara.

— Há um aspecto radical de alguns em relação à religiosidade que acaba sendo motivo para ataques, mesmo que não haja vínculo direto do terrorista com o Estado Islâmico.

A facção assumiu a autoria do ataque que explodiu uma mesquita xiita na Cidade do Kuwait, capital do país árabe, durante as preces do dia, matando 25 pessoas e ferindo outras dezenas.

O grupo terrorista também disse, pelo Twitter, que realizou o atentado na Tunísia, quando um terrorista abriu fogo contra turistas em dois hotéis, o Marahaba Imperial e o Muradi Palm Marinay, matando 37 pessoas e ferindo 36.

Já no ataque realizado na França, contra uma fábrica na cidade de Saint-Quentin-Fallavier (próxima a Lyon, sudeste do país) um homem foi decapitado e pelo menos duas pessoas ficaram feridas em um ataque contra uma fábrica na cidade de Saint-Quentin-Fallavier (próximo a Lyon, no sudeste da França).

O suspeito da ação, Yassin Salhi, de 35 anos, teria agido sozinho, de acordo com investivações preliminares das autoridades locais.

A única maneira de combater esta nova tendência, para Ligia, é a permanente troca de informações entre os serviços de inteligência e as polícias de vários países. Na visão da especialista, a França, por sua vez, tem se tornado um país vulnerável a atentados, em função de ter trabalhado de maneira ineficiente pela integração da população que imigrou de ex-colônias, como Marrocos e Argélia.

Esta opinião também é partilhada pelo especialista em política internacional, o francês Mickey Zlotowski, ex-correspondente em Paris do The Jerusalem Post e hoje empresário de comunicação na capital francesa.

— A polícia francesa não tem praticamente conhecimento nenhum sobre o mundo árabe e não consegue detectar pontos específicos e movimentação de radicais dentro deste universo amplo.

 

R7

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